LIDE – Grupo de Líderes Empresariais promove 14º FÓRUM DE COMANDATUBA, evento realizado anualmente para tratar de política econômica, gestão empresarial e responsabilidade social, questões que impactam o cenário nacional. Em 2015, os 700 presentes, entre empresários e autoridades, debateram as Medidas para combater a crise institucional e política no Brasil.

João Doria Jr. abriu o debate ressaltando a importância do diálogo neste momento em que o Brasil passa por uma crise sem precedentes. “O debate, a diversidade de opiniões, a busca de soluções e uma agenda positiva podem contribuir para encontrarmos saídas para as dificuldades que o País atravessa”, afirmou. E lamentou a ausência dos convidados do PT que não participaram.

Considerado o maior encontro empresarial do Brasil, o Fórum recebeu, entre outros convidados, o ex-presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso; o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga; o presidente do TCU – Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes; e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Os senadores, Cássio Cunha Lima, (PSDB-PB); José Agripino Maia, (DEM-RN); Ricardo Ferraço, (PMDB-ES); Romero Jucá, (PMDB-RR); Ronaldo Caiado, (DEM-GO); e Sandra Braga (PMDB-AM) e os governadores; Paulo Câmara (PE); Marconi Perillo (GO); Pedro Taques (MT), também participaram das discussões.

Na abertura do seminário, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez um paralelo entre um período de sua gestão e o momento atual, que guardam semelhanças, porém as decisões políticas na época fizeram toda a diferença. “O Brasil tem atualmente 28 partidos e 39 ministérios. É uma receita para o fracasso. Precisamos refletir profundamente sobre a situação econômica, social, a falta de liderança política, em um momento em que o mundo não nos é favorável e os partidos são muito mal percebidos pela população”, alertou FHC.

Em sua palestra, o cientista político Gaudêncio Torquato afirmou que há uma saturação do modelo “presidencialismo de coalizão”. “O que temos agora são ilhas de poder partidário. O isolamento da presidente Dilma originou um novo ciclo de articulação política, comandado por Michel Temer, e a crise política pode se agravar caso o pacote fiscal de Joaquim Levy seja desvirtuado pelo Congresso. As projeções são negativas: todos os setores da indústria demitiram segundo o IBGE e o conjunto das crises hídrica e energética pode gerar animosidade social”, explicou Torquato. Segundo ele, há um perigo muito grande de o contingente de brasileiros que ascenderam à classe B retornarem à classe C. “Percebemos um amadurecimento das manifestações e o discurso do PT – nós e eles – como se o Brasil fosse dividido em dois territórios sociais, precisa acabar. O momento é de encontrar saídas, mesmo estando em um beco”, concluiu.

Eduardo Cunha iniciou sua apresentação afirmando que passamos por um momento complexo e esclareceu as diferenças entre as eleições. “Os processos eleitorais anteriores foram diferentes. Na última eleição, houve uma vitória eleitoral, mas ela não trouxe uma hegemonia política. Faltou explicar qual agenda é necessária para o país para termos menos contestação da sociedade”. O presidente da Câmara ainda acrescentou: “vivemos um processo de disputa onde os poderes são independentes, mas harmônicos entre si. Vamos votar a reforma política em 26 de maio para definir todos os temas: coincidência de mandatos, tempo de campanha, fim de coligação partidária, etc. Outro item importante de discussão é o Pacto Federativo – temos que deixar claro qual é a obrigação do ente federado e como ele cumprirá suas obrigações. Como consequência do Pacto, teríamos a reforma tributária”.

Robinson Faria, governador do Rio Grande do Norte, também concorda que a Câmara deve votar o Pacto Federativo e a Reforma Tributária para contribuir com redução das desigualdades sociais. “O voto distrital acaba com o paraquedismo da política e é essencial para a democracia. O grande problema é de governar pensando nas próximas eleições e não nas próximas gerações”.

Paulo Câmara, governador de Pernambuco, concorda que o Brasil vive um momento complexo, com muitas crises. “Fico mais esperançoso quando vejo o debate em cima do Pacto Federativo e da Reforma Tributária. E vou repetir as palavras de Eduardo Campos – não vamos desistir do Brasil”.

Para o presidente do TCU, Augusto Nardes, o Pacto Federativo é fundamental para a entrega de uma boa Educação e Saúde para a população.

Na sua manifestação, o senador Romero Jucá também lembrou os resultados das eleições. “O Brasil foi dividido em três: 54 milhões votaram na Dilma, 53 milhões no Aécio e 35 milhões não votaram para presidente. Então, o desafio é muito grande. Temos que ser bombeiros, salva-vidas e reconstruir a história. Ajuste fiscal não basta para resolver o problema do Brasil e o governo não pode ser ideológico, intervencionista e tem que ajudar.

O voto facultativo gerou um debate com opiniões diversas. Eduardo Cunha diz ser favorável, mas alerta que vai aumentar a pouca representatividade. “Se 35 milhões não foram votar, imagine o quanto esse número pode crescer com o voto facultativo”.

O vice-governador de São Paulo, Márcio França, destacou a infraestrutura de São Paulo e a governança de Geraldo Alckmin mais tranquila e reta, o que dá mais estabilidade e segurança à população.

Pedro Taques, governador do estado de Mato Grosso, enfatizou que não há caminho a não ser pela política. “Estamos passando por uma séria crise de ética e eficiência, pois institucionalizaram a corrupção e nós, políticos, estamos divorciados da sociedade brasileira. Em crises, não vence o mais forte e sim aquele que tem maior capacidade de se adaptar ao momento histórico em que vive”, ressaltou Taques.

Sobre a possibilidade do PSDB entrar com um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, alegando o descumprimento de diversas leis, entre elas, a “pedalada fiscal”, Eduardo Cunha disse que não se pode discutir teses. “Vamos analisar, com todo respeito, sob a ótica da lei, da constituição. Temos que ter um pouco de cautela. Na tese, no meu entendimento, o que ocorreu no mandato anterior não pode ter consequência posterior”.
Já o presidente do TCU, Augusto Nardes, vai examinar em detalhes todos os indícios de leniência das supostas pedaladas fiscais. “O Ministério Público Federal, o CADE e a CVM serão ouvidos. Todas as informações serão investigadas”.

Mendonça Filho, deputado federal por Pernambuco, declarou que não se trata mais de pedalada e sim de um “passeio ciclístico”. “Se houve pedalada, os bilhões declarados na gestão anterior de Dilma não foram contabilizados, então, entraram no segundo mandato, caracterizando a pedalada”. Segundo Mendonça, vários crimes foram cometidos na campanha passada. “Houve um estelionato eleitoral. Tudo que Dilma prometeu, não cumpriu; vivemos uma corrupção sistêmica; e a crise econômica está terceirizada.

Avaliando as colocações dos parlamentares, Eduardo Cunha afirmou que 1% do PIB se perdeu como consequência do escândalo da Petrobras. “A corrupção tem consequências, é danosa, corrói e paralisa a economia. A crise econômica já existia e a crise política potencializa, dificulta a solução dos problemas econômicos. Mas ua coisa podemos ter certeza: a corrupção não vai ficar impune, não existe a menor possibilidade disso”, enfatizou.

O ministro do Turismo, Henrique Alves, comentou que não se discute o impeachment sem a luz constitucional. “A hora é de maturidade, responsabilidade e acredito firmemente no parlamento, no diálogo. É um estado de direito democrático”.

O prefeito do Recife, Geraldo Julio, destacou que a temperatura social vai subir, pois o desemprego vai crescer. “De minha parte, vou cumprir nosso plano de metas, cortar despesas, buscar eficiência pela meritocracia. Vamos continuar a ser competitivos, manter o padrão de investimentos, já que somos a capital com o melhor ambiente de negócios. Estamos fazendo a nossa parte, mas o governo não está fazendo a dele. Como fica?”, indagou Julio.

Paulo Rabelo de Castro, presidente do LIDE Economia, deu uma má notícia: “a situação de empregabilidade do Brasil é grave. Não só não geraremos empregos, mas haverá 500 mil demissões neste semestre e prevemos um milhão de desempregados até o final do ano. A sociedade quer uma agenda que a envolva”. Referindo-se à reforma do ICMS, Castro ressalta que o Brasil não suporta mais financiar perdedores e prevê uma recessão estendida, de grande duração.

O Dia Nacional do Índio foi lembrado e relacionado à PEC 215, que pode envolver questões ambientais e divisão de reservas indígenas ao que o governador Pedro Taques rebateu que mais do que quem vai demarcar ou quem vai ficar com um pedaço da terra, devemos dar a dignidade de sobreviver, pois o índio está morrendo de lombriga. “Não podemos permitir isso”, alerta.

Jonas Donizette, prefeito de Campinas, informou que a educação é responsabilidade dos municípios e há grande injustiça na distribuição do bolo tributário. “Apenas 5% chegam aos cofres dos municípios. Precisamos ter uma agenda para discussão de um pacto para diminuir a desigualdade social, que inclua educação”, reforçou Donizette.

Preocupado, Rogério Chequer, líder do grupo Vem pra rua, diz ver na crise uma oportunidade e considera muito rica a discussão promovida pelo Seminário do LIDE. “O debate é muito importante, mas só é efetivo se executado. O povo está cansado, mas cheio de otimismo, pois está nas ruas pedindo para ser ouvido. Palavras de nada adiantam sem ações”, reclama.

Chequer também aponta que a ideologia partidária tem se confundido com os caminhos do País. “Discutimos muito sobre a Venezuela e parece que o Brasil não quer seguir esse exemplo. Mas Lula apoia abertamente governos de países como esse”. Sobre liberdade de expressão, Chequer disse que o que temos hoje é legal, mas não é real. “Existe hoje uma recorrente retaliação à imprensa que é contrária ao governo e isso é muito grave”, alerta.

“Há uma desconexão entre eleitos e eleitores. Os políticos, com exceções, estão governando pensando apenas na reeleição e os eleitores ficam para último plano. As ruas estão pedindo transparência. Os brasileiros têm direito de ser informados sobre onde estão sendo aplicados os recursos do BNDES. Se os empresários se unirem como o povo fez nas ruas, não haverá mais retaliação”, avalia. Chequer lembra que no dia seguinte à manifestação de 2,2 milhões de cidadãos nas ruas, houve um aporte partidário de 250 milhões na cara da população. “É preciso ação, mais transparência, mais respeito”.

Eduardo Cunha rebateu que a Câmara está sensível a estes movimentos e à insatisfação da população. E Romero Jucá acrescentou que é preciso discutir a reforma política. “Precisamos avaliar se estamos preparados para retirar as doações das empresas, pois isso terá um custo de cerca de 6 bilhões de reais aos cofres públicos para financiar a campanha eleitoral. Estamos preparados?”, questiona Jucá.

O deputado Mendonça Filho afirmou que o sentimento de revolta e insatisfação popular é plenamente justificável pelas medidas adotadas pelo governo que penalizam o trabalhador e o setor produtivo. “O governo optou pelo caminho mais fácil, ou seja, aumentou a carga tributária e subiu os juros. Precisamos fazer com que a pauta do parlamento se sintonize com a das ruas”.

Finalizando, o cientista político Gaudêncio Torquato salientou que “o momento que o Brasil vive é crítico e não poderia ser mais adequado para uma reforma política. Este Seminário do LIDE é um evento histórico, pois a sociedade organizada está fazendo sua participação direta e as manifestações daqui vão convergir para o senado federal”.

O Fórum contou com a chancela de importantes marcas. O patrocínio é da AMIL e o apoio é da GOCIL. Participação especial de ACCENTURE, ATHIE WOHNRATH, BANCO ALFA, BASF, CINE, NATURA, REDE RECORD, SOUZA CRUZ e SAMSUNG, com participação da 3M, AVIS, BMW, JBS e PPG. O evento conta ainda com a colaboração de AMERICAN EXPRESS, AIR LIQUIDE, AVENTURA ENTRETENIMENTO, BANCO ITAU, BODYTECH, CBF, EMS, GRUPO MARTINS, ODONTOPREV, PENALTY, PEPSICO, MARINGÁ, TAKEDA, TETRA PAK, VALE PRESENTE, WHIRLPOOL e ZURICH. São fornecedores oficiais AGAXTUR REGENT, CDN, CHANDON, COOXUPE, ECCAPLAN, FORMAG’S, GRUPO COMPANHIA, GRUPO PETROPOLIS, KELLOG´S, MISTRAL, PEPSICO E VINCI e UPS. EDITORA TRÊS, ESTADÃO, as rádios BAND AM, BAND NEWS FM e JOVEM PAN, o jornal PROPAGANDA & MARKETING, a revista FÓRUM & NEGÓCIOS, PR NEWSWIRE, TV CULTURA, TV LIDE e VB COMUNICAÇÃO são mídia partners. Além disso, a 3M, CASA LEÃO, DOLCE & GABBANA, NIELSEN, PPG, SILVIA FURMANOVICH, TAKEDA e SAMSUNG têm espaços exclusivos na VILLA FÓRUM.

SOBRE O LIDE – Fundado em junho de 2003, o LIDE – Grupo de Líderes Empresariais é uma organização de caráter privado, que reúne empresários em nove países e quatro continentes. Atualmente tem 1.700 empresas filiadas (com as unidades nacionais e internacionais), que representam 52% do PIB privado brasileiro. O objetivo do Grupo é difundir e fortalecer os princípios éticos de governança corporativa no Brasil e no exterior, promover e incentivar as relações empresariais e sensibilizar o apoio privado para educação, sustentabilidade e programas comunitários. Para isso, são realizados inúmeros eventos ao longo do ano, promovendo a integração entre empresas, organizações, entidades privadas e representantes do poder público, por meio de debates, seminários e fóruns de negócios.

Fonte: LIDE BR